Segurança pública: Águas de São Pedro não pode parar no tempo

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Cidade detém baixos índices de criminalidade, mas moradores e turistas estão assustados com as últimas ocorrências; (Foto: acervo FT)
Cidade detém baixos índices de criminalidade, mas moradores e turistas estão assustados com as últimas ocorrências; (Foto: acervo FT)

Antes de mais nada, quero deixar claro que sou um apaixonado por Águas de São Pedro. Cresci na vizinha São Pedro, mas acompanho de perto os debates e as discussões da estância hidromineral há pelo menos uma década.

Minha intenção não é criticar ou apenas apontar ações que não deram certo na área da segurança pública, até por que não sou especialista no tema. A reflexão que proponho aqui é constatar até que ponto Águas de São Pedro tem deixado de lado a segurança de seus munícipes e próprios públicos.

É impossível falar de Águas de São Pedro e não aliar a estância à sua qualidade de vida, a riqueza de suas águas medicinais e o seu povo sempre acolhedor e educado. A propagação dessas benesses, no entanto, também atrai pessoas de má índole.

Mas é errado gabar-se por morar ou visitar um município que já foi o primeiro em qualidade de vida do estado de São Paulo? É mérito ou demérito lembrar que Águas de São Pedro passou mais de duas décadas sem registrar um homicídio se quer? Seria hipocrisia da minha parte dizer que nunca comentei isso com amigos, conhecidos, e pessoas que já me perguntaram um dia como é este paraíso. Ninguém o faz por maldade.

Mas, nos dias atuais, nenhuma cidade está isenta da criminalidade. É óbvio que os grandes centros urbanos sofrem mais com a falta de segurança, mas é nítido que os municípios de menor porte também precisam se precaver.

Precaução esta que não parece atingir Águas de São Pedro, ou pelo menos à altura que seus moradores e veranistas esperam. As recentes ocorrências policiais registradas na cidade são alarmantes e nos fazem questionar: o que está sendo feito na área da segurança pública?

Sistema 'Big Brother' funciona como aliado no combate ao crime; (Foto: Reprodução/Internet)
Sistema ‘Big Brother’ funciona como aliado no combate ao crime; (Foto: Reprodução/Internet)

Nos idos de 2012, a cidade deu um salto no quesito segurança ao instalar um sistema ‘Big Brother’ com câmeras de vigilância. Sob o comando do então prefeito Paulo Ronan (PSDB), o projeto foi bem aceito e contava com o monitoramento da Guarda Civil Municipal (GCM).

É lógico que o investimento em tecnologia não seria o fim dos problemas – ainda que eles sejam poucos se comparado com cidades vizinhas. Mas, anos depois, uma triste constatação: todo aparato tecnológico está jogado às traças, sem manutenção.

O cenário que era para ser de referência no estado e até mesmo no país, se tornou um problema para a administração municipal. A boa notícia é que o secretário de Segurança Pública, o vereador licenciado Valdir Gibim, disse a este jornalista que o prefeito Paulo Barboza (PSDB) autorizou a manutenção para que as câmeras de vigilância voltem a funcionar. Hoje são 17 espalhadas por Águas, mas nenhuma está em pleno funcionamento.

É sabido, porém, que o sistema de monitoramento não vai afugentar por completo os ladrões que veem nos prédios públicos e casas de veraneio uma oportunidade para efetuar furtos e roubos sem serem identificados.

A Guarda Municipal, que historicamente sempre deu importante auxílio às polícias Civil e Militar, também carece de investimentos. Números não oficiais apontam que hoje o contingente é de 23 homens, média de um guarda para cada 161 habitantes.

Este número é ainda mais alarmante se pensarmos que Águas de São Pedro recebe alto número de turistas e veranistas aos finais de semana quando, na prática, as rondas e patrulhas deveriam ser reforçadas.

Estância atrai alto número de turistas todos os finais de semana; (Foto: Acervo FT)
Estância atrai alto número de turistas todos os finais de semana; (Foto: Acervo FT)

O caso do furto de aproximadamente R$ 15 mil reais do SPA Thermal na madrugada da última segunda-feira ainda é um mistério. Informações preliminares apontam para uma investigação cujo fim não parece próximo.

Uma funcionária do balneário teria dito ao presidente da Câmara, Nelinho Noronha (PT), que as câmeras internas estavam desligadas durante o ato criminoso. Recentemente, a lotérica da cidade também foi alvo de bandidos.

Há pessoas que irão dizer: “São casos isolados, acontecem de vez em nunca”. De fato são isolados, mas merecem toda a atenção do Legislativo e do Executivo aquapedrense. Não acredito que devamos deixar de divulgar os índices de excelência que a cidade detém e que são motivo de orgulho para os moradores.

Investir em segurança pública e implantar projetos-pilotos com baixo orçamento é sempre viável para uma cidade que tem a paz e a tranquilidade no seu DNA.

Renan Bortoletto é jornalista e administrador do site Fato Político.

2 COMENTÁRIOS

  1. Divulgar a cidade, pode e é salutar principalmente quando se trata de uma cidade em que a economia depende quase que exclusivamente do turismo.

    Porém, como diz um antigo ditado: “o peixe morre pela boca”. Então, no mundo globalizado, onde a rapidez e a facilidade nas comunicações faz com que toda e qualquer pessoa tenha acesso amplo e irrestrito às informações, um pouco de reserva produz mais benefícios do que malefícios.

    É claro que não é só esse detalhe que impacta negativamente na segurança (ou na sensação de segurança) de uma localidade. Para não me alongar, vou citar apenas uma experiência, que foi base para o desenvolvimento e implantação do “Tolerância Zero” em Nova Iorque, nos Estados Unidos da América. Essa experiência ficou conhecida como “Teoria das Janelas Partidas”.

    Paea quem não a conhece, sugiro uma pesquisa sobre o tema citado e uma reflexão sobre o que acontece em Águas de São Pedro e tantas outras cidades. Guardadas as devidas proporções, vale o conceito de que “toda ação leva a uma reação”. Uma cidade abandonada ou mal cuidada, certamente não atrairá cidadãos de bem, ao contrário disso, será ótimo abrigo e ambiente propício aos mal feitores. Por fim, onde não se tem regras, a regra está feita: não ter regras. Assim, cada um faz a sua. Ter regras e não respeita-las é o mesmo que não te-las.

  2. Olá Adilson, ok o seu comentário é positivo, como vc disse faça como New York tolerância ZERO, ou seja pegou o delinquente, sapeca iáiá nele simples assim, e aí serviria de exemplo para os demais, é assim que eu penso e faria se pudesse, talvez um pouco radical mas, as vezes temos que agir energicamente para que tenhamos resultado positivo.

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