Águas de São Pedro dá exemplo para o país

Mundialmente conhecida pelo poder de suas águas sulfurosas – o que atrai milhares de turistas para a estância o ano todo -, Águas de São Pedro também desponta como ótimo exemplo para a classe política brasileira. Em um cenário marcado cada vez mais pela descrença e notícias vinculadas à corrupção, desvios públicos, esquemas de fraude e políticos legislando em causa própria Brasil afora, uma luz surge no fim do túnel.

Ainda que seja para 2021, a aprovação de proposta que reduz o salário dos vereadores da cidade de R$ 3,924,71 para R$ 1.000 é um afago ao que a sociedade considera como justo. Para tentar evidenciar o que o povo pensa sobre a classe política, no entanto, é preciso irmos mais longe sob uma visão macro.

A pesquisa Retratos da Sociedade Brasileira, realizada recentemente a pedido da Confederação Nacional da Indústria (CNI) e do Ibope, revela que 44% dos brasileiros estão pessimistas com as eleições presidenciais deste ano. Outro dado alarmante: 55% das pessoas dizem não acreditar em quaisquer promessas de campanha, e 48% já não manifestam simpatia por qualquer partido eleitoral.

Para se ter uma ideia do que isso representa, a mesma pesquisa diz que 87% dos brasileiros consideram a honestidade uma característica fundamental para qualquer candidato a presidente. O estudo mostra, ainda que a nível nacional, o reflexo das mazelas praticadas pela classe política como um todo.

Mas, afinal, qual o impacto que a redução dos salários dos vereadores de Águas trará para a política local? A única afirmativa que podemos tecer é que serão atraídos para o pleito eleitoral cidadãos mais comprometidos com a estância, aqueles que de fato querem o desenvolvimento do município.

Infelizmente, ciou-se nos municípios brasileiros a cultura do “agrega”, ou seja, daqueles que se aventuram na política visando apenas o próprio bolso. O Brasil quer um basta nisso, o povo quer representantes que se preocupem com as diferentes classes e batalhe para levar o melhor até seus cidadãos.

Em uma cidade em que o ordenado médio mensal era de 2,3 salários mínimos em 2015 (dados do IBGE), pagar R$ 4 mil a vereadores mais benefícios como linha de celular à vontade, carro para viagens e computadores de última geração, é uma discrepância sem tamanho para quem frequenta a Casa de Leis duas vezes no mês.

As urnas falarão por si só, mas não acredito que uma cidade com pouco mais de 3 mil habitantes venha a ter mais de 80 candidatos ao Legislativo. Veremos o efeito que o dinheiro é capaz de fazer.