Renda média do trabalhador com carteira assinada cresce 40% em São Pedro

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No campo econômico, São Pedro vive momento diferente das demais cidades da região segundo o Seade;
No campo econômico, São Pedro vive momento diferente das demais cidades da região segundo o Seade;

Se as notícias da economia brasileira não são as mais animadoras – há indicativos de recuo do PIB no segundo trimestre e classificação de recessão técnica – São Pedro avança cada dia mais na posição de cidade diferenciada. 

Números da Fundação Seade, instituto vinculado à Secretaria Estadual de Governo e hoje um centro de referência nacional em análises e estatísticas socioeconômicas e demográficas, mostram índices positivos no município, ao contrário do observado no Estado e no Aglomerado Urbano de Piracicaba (formado por 23 municípios da região de Piracicaba). 

O que mais chama a atenção é o aumento de 40% da renda média do trabalhador formal (com carteira assinada) entre 2013 e 2017. Há também resultados positivos na geração de empregos formais – alta de 3% entre 2013 e 2017; no PIB per capita, crescimento de 40% entre 2013 e 2016 e no valor adicionado – bens produzidos por uma economia, neste caso, o município, depois de deduzidos custos como matérias-primas, serviços e bens intermediários, que cresceu 42% no período.

O levantamento mostra que as maiores altas na renda média do trabalhador, que foi de R$2.065 em 2017, foram registradas na indústria – 50% no período e no setor de serviços – 46% no período. Números acima dos registrados no Estado, que apresentou alta de 29%; no Aglomerado (30% de alta) e em Piracicaba (27% de alta).

Na criação de empregos formais, as diferenças são ainda mais significativas. Enquanto Estado, Aglomerado Urbano e Piracicaba registram quedas – 6%, 5% e 8% – respectivamente, São Pedro registrou, entre 2013 e 2017, 3% de alta. Em 2019, a tendência continua de alta. Entre janeiro e julho, o saldo apurado pelo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) é positivo em 491 vagas em São Pedro.

A evolução do valor adicionado é outro índice que evidencia a força do setor de serviços, com alta de 46% neste item. O PIB, índice que representa a soma dos bens e serviços finais produzidos, também evoluiu.  Em São Pedro, o crescimento foi de 44%, no Estado, 31%; no Aglomerado 31% e em Piracicaba, 34%.

São Pedro ostenta números superiores ao de cidades vizinhas;

No cálculo do PIB são considerados itens como bens e produtos finais, serviços, investimentos e gastos do governo com o objetivo de medir a atividade econômica e o nível de riqueza de uma região. Quanto mais se produz, mais se está consumindo, investindo e vendendo.

O PIB per capita ou por pessoa, mede quanto, do total produzido, caberia a cada cidadão se todos tivessem partes iguais. Quanto maior o PIB por pessoa, maior a qualidade de vida e o acesso a serviços. PIB per capita alto tende a estar atrelado a um maior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). No último levantamento disponível (2010), São Pedro registra índice de 0,755, classificado como alto.

Receita

Os números oficiais evidenciam o que na prática, vários setores já vivenciam com percepção de aumento da demanda. O modelo de gestão aplicado pelo prefeito Helinho Zanatta inclusive já motivou encontros com prefeitos da região que procuram o chefe do Executivo em busca da “receita” de sucesso.

Prefeito de São Pedro, Helinho Zanatta (PSD);

Para o prefeito, não há uma fórmula que vai servir para todos, mas há pontos fundamentais que ajudam na gestão, como o planejamento estratégico, gestão austera dos recursos públicos e busca constante pela eficiência.

“O planejamento estratégico, para dar bom resultado, precisa contar com uma parceria forte com a sociedade civil e foi o que ocorreu em São Pedro. Criamos a Agenda 2025 e em reuniões temáticas pudemos avaliar problemas e buscar soluções em busca de constante desenvolvimento, como comprovam estes índices oficiais”, disse o prefeito Helinho Zanatta.

Para o secretário de Governo, Pedro Aguiar, a palavra-chave desta gestão é equilíbrio. “Os números bem refletem a realidade. A nossa gestão tem no equilíbrio das contas públicas e na visão equilibrada da seleção das prioridades o seu diferencial positivo. Temos avançado gradativamente na melhoria da prestação dos serviços públicos em todas as frentes, sem prejuízo de quaisquer áreas, para o bem-estar coletivo. Isso é notório e a população são-pedrense reconhece isso”, afirma Aguiar.

No Sebrae, cresce procura por formalização

A movimentação econômica registrada no município foi percebida também na agência local do Sebrae. Alan Tanno, gerente interino da Agência do Sebrae em Piracicaba, disse que o número de pessoas que buscam os serviços disponibilizados na Agência Sebrae Aqui em São Pedro para dar estrutura ao micro e pequeno empresários cresceu de maneira significativa.  “A procura é alta tanto pela formalização quanto para capacitação. As pessoas querem investir em um negócio próprio, mas de uma maneira assertiva, com mais segurança”, afirmou.

Em 2018, a agência do Sebrae Aqui de São Pedro, inaugurada em dezembro de 2017, fez 480 atendimentos. Em 2019, até julho, já foram 861.

Outro ponto destacado pelo gerente interino, que também é consultor de negócios, são os grandes investimentos observados na cidade, como construção de centro de compras e instalação de lojas de rede. “Os grandes investidores olham como oportunidade este desenvolvimento do município. São Pedro tem grande potencial e há muitos novos negócios em busca do interior como opção de olhos nos custos e na qualidade de vida”.

Dados em alta incentivam otimismo

“A cidade de São Pedro, destaca-se pelo bom desempenho econômico, quando comparado a outros municípios da região e também com relação ao Estado de São Paulo. Os dados apresentados demonstram uma consolidação para o crescimento econômico sustentável que beneficiam a população da cidade” avalia o professor Alan Quilimarte, da disciplina Gestão Financeira e Econômica da Etec Gustavo Teixeira.  

Para ele, o conjunto favorável dos indicadores mencionados apresenta uma grande relevância para o desenvolvimento econômico do município. “Além disso, geram um cenário de maior otimismo que proporcionam melhores cenários para novos investimentos e, consequentemente, maior geração de empregos”, informa.

Emprego formal é visto como sinônimo de segurança

Rodrigo Veronese, 39. e Edson de Camargo, 26, são o retrato fiel do que revelam as estatísticas. Funcionários de um supermercado, ambos experimentaram a informalidade e o desemprego e não querem repetir a experiência.  Rodrigo, empregado há quatro anos, ficou sete meses desempregado antes de ser admitido como estoquista. “Procurei por São Pedro e região e não conseguia nada”, lembra.

Após a admissão, bastante coisa mudou. Já recebeu três promoções e hoje é conferente de plataforma, função responsável pelo recebimento e expedição de mercadorias. “Agregou muito na minha vida e hoje estou muito feliz, com perspectiva de crescer mais profissionalmente”, informa.

Edson, há um ano e oito meses no setor de frios e embutidos do supermercado, virou o orgulho da família. “Sou de origem humilde, nascido e criado em São Pedro e hoje tenho muita satisfação pessoal com o trabalho”, afirma. Para alcançar o status de futuro talento na empresa e ser selecionado para participar de um seleto grupo de líder trainee trilhou um caminho nem sempre fácil.  “Tinha experiência em vendas e quando surgiu a oportunidade de trabalhar no setor de frios, fiquei apreensivo no início”, relata, mas o treinamento e a vontade de crescer foram estímulos para eventuais dificuldades. “Aqui realmente aprendi a trabalhar”, disse.

Prestação de serviço como oportunidade de negócio

Gilmar Amigo, Rodolfo Amigo e Jaqueline Paiva Amigo têm, além do laço familiar e do sobrenome em comum, um perfil profissional semelhante. Trabalharam em grandes empresas e optaram por qualidade de vida ao decidir abrir um negócio em São Pedro. O estabelecimento, que oferece prestação de vários serviços – desde limpeza e jardinagem até construção de imóveis – foi criado há um ano e meio de olho da demanda do setor.

“Costumo dizer que trabalho tem bastante em São Pedro e se você oferecer um serviço diferenciado, vai atrair o cliente”, conta Gilmar, que destaca ainda a atuação regional da empresa. “Prestamos um serviço em uma agência bancária em São Pedro e por conta disso fomos indicados para realizar a mesma ação em Piracicaba. O mesmo ocorreu também com outros clientes, que indicaram e realizamos em outros locais”, informou.

Empresa dobra número de empregos

Soft Love: expectativa é contratar ainda mais até o final deste ano;

Instalada desde 2012 no bairro Alpes das Águas, a Soft Love, do grupo Oss, aumentou suas contratações em 100% nos últimos anos. Hoje emprega 120 pessoas e a expectativa, até o final do ano, é ampliar o quadro para 150 funcionários, informa o presidente do grupo, Mauro Morata.

A ampliação no quadro se dá, principalmente, pela diversificação de produtos. “Criamos produtos e ampliamos nossa área de atuação para cosmetologia, fármacos, bebidas energéticas e alcoólicas e até o final do ano vamos entrar no setor de nutrição, com produção de comida liofilizada, a ‘comida de astronauta’, usada em várias situações como nos esportes de aventura, viagens longas e dietas específicas”, avisa o empresário.

 “São Pedro é bem posicionada geograficamente e isso conta do ponto de vista logístico”, acrescenta o empresário que destaca ainda que 100% da mão-de-obra que emprega é são-pedrense. “Fazemos questão disso, para que economia da cidade gire também”.

Para Morata, a ‘receita’ para combater a crise é buscar fazer algo diferenciado. “Enquanto uns choram, outros vendem lenço e nós queremos vender lenço”, compara, acrescentando a importância da gestão. “No município é isto também que ocorre, enquanto muitos enfrentam dificuldades, vemos várias ações ocorrerem em São Pedro, graças à gestão”.

Com planos para expansão, o Grupo Oss tem entre suas metas a ampliação da exportação. A empresa já tem hoje uma filial em Atlanta, nos Estados Unidos.

 Hotel fez 14 contratações em dois meses

Aquecimento do mercado e investimento em marketing estão entre os motivos que levaram o Hotel Fazenda São João a contratar 14 pessoas nos últimos dois meses. Thainá Silva, 19 anos e Regiane Almeida, 42 anos estão neste grupo.

Thainá Silva foi uma das apostas do Hotel Fazenda São João;

Thainá conseguiu seu primeiro emprego com carteira assinada como promotora de vendas no setor de eventos. Depois de concluir o ensino médio em 2017, trabalhou na empresa da família, mas almejava, como ela mesma definiu, “sair da aba” familiar. O objetivo é nobre: ano que vem ela pretende frequentar um curso superior e quer custear seus estudos.

Passou pelo processo de seleção que teve duas etapas e conseguiu o emprego com carteira assinada. “Estou bem feliz com o resultado”, disse. Além do primeiro emprego, a atividade no hotel vai contribuir em outra área: o contato com segmentos variados vai ajudá-la a definir o curso que vai seguir, já que está com opinião dividida em algumas áreas.

Com bastante experiência no setor de Recursos Humanos, Regiane trabalhava até há pouco tempo em uma empresa em Vinhedo, como supervisora de RH. Após uma reestruturação, foi desligada por uma questão de redução de custos. Ficou apenas 14 dias sem emprego. Buscava oportunidade na região de Campinas quando foi surpreendida positivamente pela oportunidade de trabalhar em São Pedro como gerente de Recursos Humanos e Departamento Pessoal.

“Acho muito importante trabalhar com registro em carteira, garante estabilidade e também plano de carreira. É importante para o currículo”, aponta. A família de Regiane, que é de Águas de São Pedro, também comemorou. “Minha mãe ficou bem feliz”, relata a profissional de RH que vê os índices como ponto positivo para a região. 

“Esse crescimento observado significa desenvolvimento”, avalia. Outro fato celebrado por Regiane está relacionado à renda. “O salário é bem compatível com o meu anterior e isso também foi importante”. Ela ainda citou o ambiente de trabalho. “Estou gostando muito. Há muito respeito pelas pessoas”.   

Gerente-geral do hotel, Júnior Furlan Meneghini Oliveira avalia que a estrutura da cidade contribui na atração de hóspedes. “Um exemplo é o Carnaval. O hóspede sabe que vai ter uma atividade bem característica do interior, com participação de famílias, segurança e estrutura”.

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