Ex-moradora de Águas e hoje na Itália fala sobre pandemia do coronavírus

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Aline relata como tem sido o dia a dia na Itália diante da pandemia que já matou milhares no país;

Por Aline Ghilardi

Quarentena! Uma palavra que está assustando bastante, mas que ninguém aí no Brasil – além dos casos positivos – ainda levou a sério. Estou há exatos 30 dias fechada dentro de casa, em uma cidade pequena, longe da minha família e dos meus verdadeiros amigos que estão no Brasil.

Moro na Itália e desde que o país fechou para tudo e todos, estou em casa sozinha com a minha filha de um ano e uma cachorra. Saio de casa uma vez por semana para ir ao supermercado, deixo minha filha dentro do carro e minha amiga olha ela pela janela. Dou uma volta no prédio para levar a cachorra fazer xixi e logo voltamos pra casa. Passaram-se 30 dias assim.

O governo está ajudando, mas grana mesmo ainda não pingou na conta de ninguém e quem pode ajuda o vizinho a não faltar comida. As contas foram todas adiadas. Os restaurantes só funcionam com delivery e mesmo assim é pouco o que vendem. Tudo fechou. Somente quem trabalha com os bens necessários ainda trabalha. Mal, mas estão lá por nós e nós devemos ficar em casa por eles.

Quanto menos pessoas eles encontrarem nas ruas, mais eles podem nos ajudar a não faltar nada em nossas casas. Bate depressão, bate medo quando uma pessoa da cidade é positiva, mas estamos todos conscientes de que é a melhor estratégia para vencer! Ficar em casa!

Sempre gostei de ouvir as histórias dos meus pacientes que sobreviveram à Segunda Guerra mundial e me contam como se protegiam das bombas. Hoje, para nos protegermos, só precisamos ficar em casa. Teve gente que reclamou, gente que desrespeitou e levou multa!

Sim, aqui você é multado se sair de casa sem um motivo justo. Entendo que a situação é complicada e que temos medo de falir e falhar, medo de perder o emprego e não conseguir sustentar a família, mas é necessário! A vida vale muito mais! Usaremos a ajuda do governo pra ir em frente com responsabilidade e respeito ao próximo.

Hoje foi o primeiro dia que não chorei ao ver o jornal. Sempre fui empática e sensível a essas coisas e dói saber que as pessoas morrem sozinhas! Sem visitas, sem beijo, sem ninguém segurando a sua mão… É tudo muito triste, mas depois de um mês podemos ter esperança que a guerra está começando a dar tréguas.

Estamos aguardando com ansiedade as diretrizes do governo que não encontrou uma oposição contra o povo italiano, aprovou emendas mesmo achando pouco, mas todos eles pensaram no bem maior: o ser humano. As igrejas abriram as portas para os moradores de rua, hospitais foram criados em poucos dias, voluntários ajudam em tudo.

Claro que como tudo o que é feito pela primeira vez tem falhas, mas ainda assim acreditamos no isolamento social como a melhor forma de sobreviver. Fiquem em casa, sozinhos, sem visitas, sem parentes, sem festas… tudo vai passar mais rápido se ficarmos em casa! Já dizia o ditado: prevenir é melhor que remediar! Neste caso nem remédio tem! Fiquem em casa e tudo vai dar certo! Nas próximas festas não vai faltar ninguém!

Aline Ghilardi tem 37 anos, é professora de Educação Física e tem familiares em Águas de São Pedro.

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