Temperaturas altas, aumento no consumo e baixa umidade relativa do ar formaram a ‘tempestade perfeita’ para crises no abastecimento de água. A situação em São Pedro repete padrões observados em várias regiões do Brasil: com o último registro de chuva em 17 de agosto, quando choveu apenas 23,25 milímetros, temperaturas em elevação – a máxima prevista pelo Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) é de 42ºC para o dia 8 de outubro – e aumento de 30% no consumo de água observado nos últimos 20 dias, a situação ficou crítica nos mananciais.
“Os córregos que abastecem São Pedro tem um limite de captação. Sem água disponível, não dá para manter a rotina do abastecimento”, explica o diretor presidente do Saaesp (Serviço Autônomo de Água e Esgoto de São Pedro), Giovane Genezelli, que destaca também que a cidade não está fazendo nenhum tipo de racionamento ou rodízio. “O volume de água disponível está sendo tratado e distribuído”, avisa.
Com a situação crítica, o Saaesp iniciou várias ações para conscientizar a população sobre a importância do uso da água apenas para atividades essenciais.As campanhas são feitas pelo rádio, redes sociais, carro de som e há também fiscais da autarquia que estão fazendo orientações aos moradores, especialmente aqueles vistos em atividades como lavagem de calçada e carro. “Os fiscais orientam e pedem colaboração”, informa Genezelli.
Os imóveis residenciais que apresentaram grande variação de consumo de água nos últimos meses também estão sendo contatados pelo Saaesp.
“O problema não está na infra-estrutura do abastecimento, já que nos últimos anos foram feitos muitos investimentos em adutoras, troca de rede, reservatório e nas estações de tratamento, mas na fonte de captação de água, que são os mananciais que estão sem água por conta do período de estiagem”, informa o diretor presidente do Saaesp.
Onda de calor
Entre 27 de setembro e 7 de outubro o Brasil registra uma intensa onda de calor. Segundo alerta do Climatempo, temperaturas entre 37ºC e 43ºC foram observadas em todas as regiões do país.
“O calor muito acima do normal e por vários dias consecutivos é um risco para a saúde. Atenção especial com idosos e crianças”, destaca o alerta do Climatempo.
Ainda de acordo com o Climatempo, nos últimos 30 anos, a média de chuvas registrada neste período em São Pedro é de 107 milímetros e, em 2020, este índice representa apenas 1% do volume esperado. Outro índice preocupante é o da umidade relativa do ar. A previsão do Inmet para São Pedro é de umidade mínima de 10% para os dias 7 e 8 de outubro.
Segundo as análises dos meteorologistas, as temperaturas muito altas não são tão comuns e em 2020 os valores extremos de calor ocorrem por conta da persistência de bloqueios atmosféricos. São sistemas de alta pressão muito intensos que atuam como uma barreira e impedem o avanço de frentes frias. Se não tem frente, não tem massa de ar polar, por isso as temperaturas não caem.
As altas temperaturas provocaram também alertas do Inmet, que destacou o perigo de morte por hipertermia em parte das regiões Centro-Oeste e Sudeste, além de áreas do estado do Tocantins, no Norte do país. (Da assessoria)