Com vasto conhecimento na área termal e turística, Tatiana Heidorn se vê preparada para ocupar uma cadeira no Legislativo aguapedrense. Professora e pesquisadora prestes a concluir o doutorado, ela quer integrar a vivência acadêmica com as pautas locais sob uma nova ótica de se fazer política. “A cara da nova política é popular, integrativa e comunitária”, afirma.
Uma das principais propostas da candidata é lutar por um atendimento via SUS para aqueles que precisam dos serviços prestados pelo SPA Thermal – e para isso ela foi buscar estudo fora e inclusive em países europeus. Os assuntos ligados ao turismo, ao empreendedorismo e à pauta feminina também fazem parte do seu plano de gestão. Na entrevista abaixo, ela dá detalhes de sua história até aqui e como pretende fazer mais por Águas de São Pedro.
Para quem ainda não a conhece, quem é Tatiana Heidorn?
Tenho 40 anos, sou professora de Geografia da rede municipal de ensino e moro com minha família há 12 anos na estância. Morávamos em São Paulo e visitávamos anualmente a cidade nas férias. Sempre achamos Águas de São Pedro uma cidade charmosa, acolhedora e tranquila. Meu esposo e eu decidimos nos mudar para cá de maneira que nós, nossas filhas e minha sogra, tivéssemos mais qualidade de vida.
Tenho formação como especialista em Educação Ambiental, mestra e doutoranda em Ciências Ambientais pela Esalq/USP e faço parte do Grupo Nacional e Internacional de Mulheres do Turismo Rural como pesquisadora. Além disso, integro o Coro Municipal de Águas de São Pedro como soprano, realizo trabalho voluntário como contadora de histórias e atuo como modelo fotográfica e artista independente.
E como é o seu dia a dia na estância? As eleições deste ano estão bem diferentes…
Tenho procurado conversar com moradores sobre suas expectativas para a próxima eleição. Atualmente, além de escrever minha tese, tenho participado de vários eventos científicos ligados à educação, meio ambiente e turismo. No mês de setembro estive presente no Congresso Intercontinental de Turismo Rural apresentando a temática sobre o “Turismo Regional da Serra do Itaqueri e seu Festival Gastronômico”, e em outubro participei do Congresso Internacional de Educação Bett Educar e do 2º Simpósio de Educação Ambiental e Transição para Sociedades Sustentáveis, da USP, mostrando um trabalho sobre a Oficina de Turismo que ministrei em 2017, tendo os espaços do próprio município como sala de aula e e aplicando as metodologias de aulas-passeio.
Como é seu trabalho na escola municipal?
Além de minha função como professora de Geografia, sempre desenvolvi muitas atividades na Emef Maria Luiza Fornasier 2: entre os anos 2010 e 2018 estive à frente do projeto de Astronomia e Astronáutica preparando alunos para a Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica. Também me engajei na Mostra Brasileira de Foguetes e, entre os anos de 2012 a 2018, estive à frente das oficinas de robótica.
Em 2018, encabecei projetos escolares interdisciplinares sobre “Mulheres que Fizeram a Diferença”, Cultura e Questões Indígenas da Etnia Xavante” e a “Semana da Consciência Negra: Viva a Cultura Afro-brasileira!”. Atuei como tutora e oficineira do período integral, conduzindo oficinas diversificadas com foco no turismo, termalismo e dança, além de desenvolver inúmeros projetos para as mostras científico-culturais.
O mundo digital está aí para conectar as pessoas. Você acredita que isso também possa ser benéfico para a política?
Certamente. Diante das situações geradas pela pandemia e o distanciamento social, os meios digitais e as redes sociais são a forma mais rápida e segura de chegar até as pessoas. Dessa forma fica mais fácil de os eleitores pesquisarem e conhecerem melhor quem colocar à frente das tomadas de decisão da cidade, dando preferência a quem deseja dar voz e espaço à população. Uma boa gestão é a que conta com a participação ativa dos munícipes. Tenho utilizado as redes sociais (Facebook, Instagram e Twitter) para promover minha campanha, postando diariamente vídeos e materiais com várias temáticas: minha missão, visão e valores, história de vida, formação, conhecimento técnico e profissional, ideias, propostas e atuação no município.
E por falar em política, como você decidiu que seria candidata a vereadora?
Bem, sempre fui uma pessoa interessada em política, e muito crítica com relação às formas como a mesma tem sido conduzida em todas as esferas. Acredito que somos à priori seres políticos, e que boas políticas públicas são a maneira assertiva de concretizar mudanças positivas e consolidadoras. Intencionava entrar para a política futuramente, mas diante do convite que recebi do João Victor para me candidatar como vereadora resolvi aceitar, pois tenho certeza que meus conhecimentos científicos, técnicos e profissionais, além da minha atuação no município, podem contribuir muito para o desenvolvimento da estância.
Depois que me candidatei ao cargo de vereadora passei a estudar mais as legislações municipais e assinei um termo de compromisso junto ao Sebrae como Candidata Empreendedora, me comprometendo a auxiliar em primeiro plano as pequenas empresas, a produção local, sempre incentivando o empreendedorismo, principalmente o feminino.
Numa cidade pequena, o fomento ao negócio local é importantíssimo…
Com certeza. Sempre defendi que as pessoas optassem pelo negócio local, por comprar daquele amigo ou conhecido do bairro. A nova política também deve ser assim: popular, comunitária. Envolver os munícipes em lugares estratégicos e dar voz a essas pessoas é algo primordial.
Você também é pesquisadora de turismo e termalismo, temas que tem tudo a ver com Águas…
Isso mesmo. E tem tudo a ver porque realmente começou aqui. Tenho Águas como objeto de pesquisa desde 2006. Meu trabalho de conclusão de curso foi sobre o município, e dez anos depois terminei minha dissertação de mestrado intitulada “Estância Hidromineral de Águas de São Pedro e a construção de espaço voltado ao termalismo”, abordando de modo multidisciplinar nossa querida cidade.
É um trabalho amplo e pioneiro que desenvolve a historicidade, geografia, questões ambientais e o turismo. No mestrado fui contemplada com uma bolsa de mobilidade internacional do banco Santander por méritos acadêmicos e pude visitar sete países da Europa e conhecer o termalismo ocidental a fundo. Essa viagem fez com que eu quisesse continuar estudos sobre as práticas termais, tema pouco estudado a nível nacional.
Para quem desconhece, o termalismo é a utilização das águas com propriedades medicinais para cura de doenças. Agora no doutorado estou pesquisando sobre todas as estâncias hidrominerais paulistas e traçando um paralelo com relação às termas de Portugal. Trata-se também de um estudo norteador que trará resultados que poderão beneficiar o termalismo não só no Estado de São Paulo, mas também no Brasil.
Quais as principais reclamações que chegam até você e o que pretende mudar em Águas de São Pedro?
Observo nas redes sociais as críticas, inquietações e angústias dos moradores com relação à atual gestão. Pensando sobre isso e com um olhar amplo das necessidades da cidade, criei um Plano de Ação para a Gestão 2021-2024, contemplando 15 itens essenciais: educação; turismo; termalismo; saúde; meio ambiente; arte e cultura; munícipes (incluindo Terceira Idade, crianças e jovens, mulheres e meninas); fundo social de solidariedade e assistência social; trabalho, emprego e empreendedorismo; esporte; economia solidária; segurança; transporte; urbanização e paisagismo; departamento de zoonoses e acolhimento animal.
Este plano encontra-se disponível nas redes sociais em vídeos gravados por mim. Pretendo que Águas de São Pedro seja uma cidade-modelo, motivo de orgulho de munícipes e um destino turístico altamente competitivo. Para tanto, faz-se necessário um trabalho que alie gestão e vereança com a finalidade de implementação e execução de leis que corroborem para que estas práticas sejam possíveis.
Qual o potencial que enxerga para Águas e o que pode ser melhor explorado? Sabemos que ainda há muito a ser feito…
O maior potencial de Águas de São Pedro é desenvolver primeiramente o capital humano. Uma cidade turística só será boa o suficiente quando colocar em primeiro plano o bem estar da população local. Acredito que a estância tem todas as ferramentas para ser uma cidade-modelo e se tornar referência a nível nacional. É fazer com que os moradores participem da gestão, de associações e conselhos; que comércios, prestadores de serviços e hotelaria trabalhem em conjunto com a gestão para fortalecimento e a consolidação econômica local.
Quando se aprende a trabalhar de maneira colaborativa todos ganham. Os profissionais do turismo precisam de cursos de capacitação e qualificação. É importante contar com a colaboração de instituições como o Senac, Sebrae e Aprecesp. A estância precisa da criação de eventos no calendário turístico que consolidem Água de São Pedro como Cidade das Águas, das artes, de boa música e da gastronomia.
Dentre as suas propostas, quais seriam destaques caso venha a ocupar uma cadeira na Câmara?
As principais propostas são: valorização e revisão de planos de carreira dos profissionais da educação, da saúde e da segurança; implantação do termalismo pelo SUS; instituição de um fundo com fins na arrecadação de recursos voltados ao desenvolvimento do turismo local; fortalecimento do turismo regional; desenvolvimento ambiental sustentável, salvaguardando as áreas de recursos naturais; reestruturação do complexo educacional; criação de espaço permanente para feira de artesanato e apresentações de artistas locais; criação de Centro de Referência de Atendimento à Mulher dentro do Cras; mapeamento de famílias em situação de vulnerabilidade; formação contínua de profissionais do Conselho Tutelar; tornar o Projeto Sonho de Menina lei municipal; requalificação de espaços urbanos; garantia de transporte público independente da pandemia; estímulo à economia solidária e ao empreendedorismo feminino; criação do Departamento de Zoonoses e da Casa de Acolhimento Animal.
A ideia é oferecer os tratamentos e banhos termais pelo SUS, é isso?
É preciso entender que investir no tratamento a curto, médio e longo prazo com as águas termais é economizar no gasto público com a saúde. E porque digo isso? Seguindo exemplos de países como Portugal e Itália, as práticas termais no sistema de saúde geram altas economias com tratamentos tradicionais e medicamentos, e ainda fomentam o turismo de saúde. A Portaria nº 971/2006 foi criada exatamente para inserir Práticas Integrativas Complementares no SUS, e os cidadãos têm o direito de obter esse benefício.
Precisamos ligar o termalismo à Pasta da Saúde e deixar de subaproveitar as cidades termais. Um dos objetivos é sim oferecer parte dos atendimentos do SPA Thermal via SUS, o que demandaria um empenho dos políticos do município e que eu gostaria de participar.
Você apoia João Victor e dr. Edison. Como é o contato com eles? Acredita que estão prontos para comandar a cidade?
Conheço o João Victor há alguns anos. Acredito que ele teve uma atuação forte e bem-sucedida na Secretaria de Saúde, principalmente por conta da pandemia. O resultado foi um número baixo de infectados, quase todos recuperados, e a disponibilidade de muitos testes-rápidos para pessoas que estavam com suspeita da Covid-19.
Além disso, foram inúmeras melhorias promovidas na Unidade Básica de Saúde e Pronto Atendimento durante sua gestão. Tive também o prazer de conhecer o doutor Edison Xavier, profissional cativante e experiente que esteve à frente da Saúde entre os anos de 1993 a 1996, período em que o município contou com hospital que inclusive chegou a realizar partos. Com essa dupla a saúde não poderia estar em melhores mãos. Além disso, o Plano de Governo de ambos apresenta vários pontos preponderantes para o desenvolvimento do município.
Qual sua visão sobre a pandemia? O que acha que é extremamente necessário para o período pós-pandemia?
A pandemia veio nos mostrar o quão frágil pode ser a economia, quantos comércios foram fechados, quantas pessoas perderam o emprego e tiveram que repensar a forma de sustentar a si e a família. Apesar desta triste situação houve quem tenha aproveitado a oportunidade para iniciar ou ampliar um negócio familiar com atendimentos domiciliares, um momento no qual pequenos empreendedores arregaçaram as mangas e puseram-se a trabalhar mais.
Assim, é importante pôr em prática ações sustentáveis comprando de comércios locais, dando preferência aos produtos artesanais, às pessoas que produzem no próprio bairro. Ensino, trabalho, congressos e reuniões passaram a ser feitos online; as compras pela internet aumentaram substancialmente; o turismo passou a realizar tours virtuais; novos protocolos sanitários chegaram para ficar. Nunca se valorizou tanto os trabalhos dos profissionais da saúde e da educação, as relações sociais mantiveram-se mais à distância e entendemos que nossas atitudes individuais influenciam na coletividade.
Demos maior importância aos amigos, à família. O novo normal chegou e vamos ter que nos habituar. A pandemia continua matando pessoas no mundo todo, isso nos indica que muitas coisas precisam e podem mudar definitivamente. Temos que estar preparados.
Para ter acesso ao plano de gestão completo da candidata, clique aqui.